Caríssimos irmãos e irmãs a liturgia da Palavra do tempo comum é uma sequência que a cada domingo vamos crescendo na escuta da Palavra de Deus. Estamos no ano B, por isso que o evangelho que escutamos continua a narrativa dos domingos anteriores. Somente para efeito de lembrar aos irmãos e irmãs: o primeiro domingo do tempo comum celebra o batismo de Jesus; o segundo domingo ouvimos sobre o seguimento dos primeiros discípulos; no terceiro Jesus Cristo inaugura o Reino e convida os homens ao seu seguimento; no quarto (domingo passado) refletimos sobre a manifestação do Reino de Deus através de Jesus Cristo que veio libertar o homem do mal. Hoje, neste quinto domingo do tempo comum, a mesma temática continua. Jesus Cristo opera milagres, não apenas como atos isolados, mas chamando o ser humano ao seu projeto de libertação que Ele veio realizar.
Na primeira leitura ouvimos um clássico da literatura bíblica, o livro de Jó. Qual sentido tem a vida do homem? O que significa o sofrimento mesmo quando atinge o justo e piedoso? É esse drama que Jó se encontra. Ouvimos Jó relatar que seu sofrimento é maior que o do soldado (condenado à luta e a guerra), do escravo (que suspira pela sombra), e do assalariado (que espera o salário). Mesmo no sofrimento Jó faz uma prece se recomendando a Deus e sabe que só Dele vem a libertação.
O “fio da meada” da leitura com o evangelho é a realidade que se encontra o ser humano a quem Deus envia seu Filho e este comunica e realiza o Reino libertando os doentes, os endemoniados da ação do mal. Assim, precisamente, do evangelho que ouvimos pode-se articular a reflexão em dois pontos: A cura da sogra de Pedro e as inúmeras curas dos doentes daquela cidade (Cafarnaum). Jesus ao sair da sinagoga se dirige para a casa de Pedro e encontra a sogra dele doente. São Marcos não conta detalhes espalhafatosos em sua narrativa, mas emprega três ações importantes. Jesus aproximou-se; pegou pela mão e a levantou; ela começou a servir. É Deus quem toma a iniciativa e liberta o ser humano e este libertado se coloca a serviço dos irmãos. A segunda parte ou segundo milagre é a cura de muitos doentes e atormentados em frente a casa de Pedro. O evangelista Marcos, discípulo de Pedro, nos deixa este dado fazendo referência que a casa de Pedro significa a Igreja. É a Igreja, comunidade dos seguidores de Jesus Cristo, que continua o projeto de vida e de libertação que o divino mestre começou. Lembra o que São Paulo disse na segunda leitura de hoje: “ai de mim se não evangelizar”.
Caríssimos irmãos e irmãs celebrando esta liturgia em honra do Senhor confiemos a Ele os nossos sofrimentos. Deixemos que Ele se aproxime, nos tome pela mão e levante-nos de nossas misérias e depois de experimentarmos sua proximidade nos coloquemos a serviço dos outros. Peçamos também a graça de que olhemos para a Igreja (casa de Pedro) como continuadora da missão de Jesus Cristo.
Fraternalmente,
Pe. Raimundo José R. da Silva
Pároco da Paróquia São João XXIII
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