segunda-feira, 18 de junho de 2018

A MÚSICA A SERVIÇO DO MISTÉRIO PASCAL DE CRISTO




A Comissão Diocesana de Liturgia de Parnaíba, participou no último fim de semana do Encontro Regional de Liturgia, a qual abordou o tema da música e do canto na liturgia. De todas as dioceses presentes no encontro, a constatação foi geral: “precisamos melhorar a música na liturgia”.  A partir daí, pensamos em compartilhar alguns pontos necessários:

O que cantar?
Canta-se o que mais leva ao encontro com o mistério de Cristo. Por isso que a música litúrgica, ao invés de ficar em nós mesmos, nos eleva ao mistério de Deus, que é concreto, revelado em Jesus Cristo. Quanto mais eleva o fiel a Deus, mais litúrgica a música será.

Qual a real ligação entre rito celebrado e a música a ser cantada?
A música litúrgica pode ser chamada de música ritual, quando esta for o próprio rito. Por exemplo: o ato penitencial, o glória, o aleluia, o santo, o cordeiro. Quando se canta simultaneamente se celebra. E podemos também chamar a música litúrgica de funcional, ou seja, em função do rito a ser celebrado. Por exemplo: o canto inicial acompanha a procissão da missa e o rito de incensar;

E os ritmos a serem usados?
Os ritmos, a própria melodia (música) e os instrumentos que os executam estão à serviço do texto (letra). O que sobressai no canto litúrgico é a voz, para que quem escuta não fique na melodia, mas na mensagem que o canto possui. Os instrumentos, microfones, vozes, técnicas, som, sustentam o canto e não o abafam.  O Concílio Vaticano II deu uma abertura para se usar os mais variados ritmos culturais na liturgia. E assim, passamos do uso do órgão para os instrumentos de cordas e também de percussão. Qual o melhor ritmo? Difícil dizer. O melhor seria responder: todos são ótimos, desde que esteja a serviço do mistério a ser celebrado. Os ritos e suas variações podem muito ajudar na vivência dos tempo litúrgicos. Por exemplo: ao som de cordas ou, órgão ou piano pode ser cantada a quaresma; ao som de ritmos mais festivos e percussão pode ser cantado o tempo pascal. E assim chagamos a uma conclusão: todos servem, depende de onde se coloca.

A relação entre assembleia celebrante e o grupo de canto, o cantor, ou coral.
Nos encontramos em um dos problemas mais sérios da liturgia. Por que separar da assembleia celebrante os cantores, se o ato de cantar é o único meio de participação comum na ação litúrgica? Canta-se com o povo e não para o povo. Na ação litúrgica só um preside, poucos leem, um salmodia, alguns servem no altar, mas todos cantam. O povo celebrante quer cantar, nós que não deixamos muitas vezes. Poderíamos dizer que nem precisaria estabelecer uma relação entre assembleia e cantores, pois os cantores fazem parte da assembleia. Assim, quem canta a liturgia? O povo celebrante. E os cantores ou grupo de canto? São ministros a serviço da liturgia e da ação do povo e não artistas que se apresentam.

Que critérios utilizar para escolher o canto mais adequado?
É necessário entender uma coisa: a liturgia é muito simples. Nós que a complicamos. O critério para os cantos funcionais (entrada, apresentação das oferendas, louvor final) sempre será o tempo litúrgico. Os cantos rituais ou ordinários não mudam (ato penitencial, glória, aleluia, santo, cordeiro). Para o canto de comunhão (que é funcional porque acompanha a procissão para a comunhão) seguir o evangelho do dia. Falamos aqui dos cantos da missa, mas ao falar de canto litúrgico, lembremos que existem outros atos litúrgicos, por exemplo, os sacramentos. Os cantos para a celebração dos sacramentos devem expressar a realidade a ser celebrada.

Ruídos na música hoje na Igreja
Chamamos ruído qualquer fenômeno que acontece na música que ao invés de levar para o mistério causa dispersão. Vamos elencar alguns:
Som mal equalizado, volume alto demais, afinar instrumentos, testar microfones, falta de silêncio, uso de técnicas rebuscadas (vibrato, falsete, melismas) salmos com melodia gospel, falas antes do canto, bandas dentro da Igreja, bateria acústica, voz não litúrgica, arranjos demais na execução dos cantos.

Qual melhor voz para a música litúrgica?
O canto litúrgico é um canto para qualquer pessoa cantar, por isso ele é uma elaboração simples. Composição, cadência, poucos recursos, sequências musicais repetitivas, poucos arranjos, compasso simples, acordes básicos. Tudo isso classifica a música litúrgica como simples, porque ela é música para o povo cantar. Isso é um herança do chamado, antigamente, canto chão, que é de fácil execução. Por isso que quanto mais a voz for simples, natural, mais levará a assembleia a cantar. Então, podemos dizer com toda segurança que existem vozes que combinam mais para apresentações culturais, execução de peças musicais, do que para a liturgia.

Com que periodicidade mudam-se os cantos?
De suma importância preparar para o tempo litúrgico completo, as folhas de cantos ou slides para projeção, com mais de uma opção de cada canto. Durante o tempo comum que é muito longo, importante pelo menos uma folha por mês. A mudança constante dos cantos, não ajuda a assembleia a fixar a letra e nem a melodia. Outro caso são as solenidades onde se celebra tudo da própria solenidade. Elas possuem canto próprio e como só ocorrem uma vez por ano, é necessário um breve ensaio ante da celebração, pelo menos do refrão de cada canto.

Cantar: Um ministério a serviço do mistério pascal de Cristo 
Queridos irmãos e irmãs que amam a santa liturgia, queridos cantores e instrumentistas, em proporção ao dom recebido de Deus, vamos exercer em favor da glorificação da majestade eterna e para santificação do homem, que são os dois grandes bens da liturgia. Cada um exerça seu ministério em vista do crescimento da comunidade a que serve. Deus abençoe a todos e santa Cecília, padroeira dos músicos, interceda por todos nós.

Pe. Raimundo José
Assessor Diocesano de Liturgia

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