CRISTO,
BOM PASTOR, DÁ A VIDA POR TODOS
Irmãos e irmãs o primeiro quadro do
evangelho de João sobre Jesus é a definição do Cristo como Porta do rebanho. O
segundo quadro ou imagem típica do Cristo é a definição de Cristo como o Bom
Pastor. “Eu sou o Bom Pastor”. Ele se apresenta como “O Pastor”, O Bom. Com
isso quer dizer que Nele se encontra as condições eminentes de um pastor; é um
pastor espiritual digno deste nome. E duas vezes vai usar este “tema” para
expressar os aspectos de sua obra de Bom Pastor.
A primeira é que o Bom Pastor “dá a sua
vida por suas ovelhas”. Se expressa aqui a solicitude do Bom Pastor, Cristo,
apontado com elementos alegóricos, talvez inspirado em Davi, tipo de messias,
que era pastor: que perseguia o leão que lhe havia roubado uma ovelha (1Sm 17,
34-36). Mas, frente ao Bom Pastor está o pastor assalariado, que não pode ter,
naturalmente, esta estima pelo rebanho. E assim, ao ver o lobo, abandona o
rebanho, pondo-se a salvo, e o lobo as arrebata e dispersa. Alguns padres como
Agostinho, João Crisóstomo e vários autores pensaram que o pastor assalariado
significava os fariseus e o lobo, que “arrebata e dispersa as ovelhas significava o diabo. Frente a esses maus
pastores, que fogem ante os perigos de seu rebanho, Cristo é para o rebanho o
Bom Pastor, que de tal maneira vigia e apascenta, que chega a “dar sua vida em
proveito de suas ovelhas”. O que aqui se diz, sapiencialmente, como condição de
todo bom pastor, é um ensinamento e uma profecia de sua morte redentora. Ele
dará a vida no sentido mais profundo.
O segundo aspecto de sua obra de Bom
Pastor é o conhecimento que Ele tem de suas ovelhas, o mesmo que elas tem dele.
E isso num duplo aspecto: as ovelhas de Israel e os gentios. “Eu sou o Bom
Pastor, conheço minhas ovelhas e elas conhecem a mim, como o Pai me conhece e
eu conheço o Pai”. Entre Cristo e as ovelhas existe um conhecimento recíproco.
Mas o conhecimento universal e sobrenatural de Cristo pelas ovelhas de seu
rebanho é sublime. Não é por um sinal externo, mas por algo mais íntimo, mais
profundo e autêntico, baseado na semelhança de como o Pai e o Filho se
conhecem, que não é somente um conhecimento intelectual, mas um conhecimento
por sua vez intelectual e amoroso. As ovelhas amam o Cristo como Filho de Deus
encarnado. No fundo de todo esse conhecimento amoroso existe uma predestinação,
que ressalta imediatamente a ternura com que Cristo conhece e ama. E são as
ovelhas que conhecem sua voz e Ele vai adiante delas em suas vidas e lhes chama
por seu nome. Estas ovelhas são seus discípulos que sabem que Ele é o filho de
Deus e assim lhe amam. E amando-o como tal lhe seguem.
O terceiro aspecto da obra do Cristo
Bom Pastor é que tem que estender a sua solicitude a universalidade do rebanho.
Por isso proclama com ânsia de verdadeiro Bom Pastor: “tenho outras ovelhas que
não são desse redil, e a estas é preciso que as conduza e que escutem minha
voz; e será um rebanho e um pastor”. A obra redentora do Filho chega a todos,
ou seja, aos pagãos.
Pela graça do batismo somos incorporados
como membros da Igreja, e podemos dizer, num certo sentido, todos são chamados
a serem pastores de suas vidas, de suas famílias, comunidades eclesiais. Cristo Bom pastor dá a vida, conhece suas
ovelhas e chama a todos. Que este seja o nosso plano como Igreja viva e
acolhedora, e especialmente, que os cristãos leigos e leigas sejam sujeitos
autênticos no seguimento a Jesus, e os pastores generosos em doar a vida pela
causa do Evangelho.
Padre Raimundo José
Pároco de São João XXIII
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