A Catequese está inserida na Igreja dentro da
dimensão do múnus de ensinar. Assim a catequese é o ensino das verdades da fé
de maneira processual e pedagógica para que aquele que recebe a instrução
catequética faça uma adesão livre a Jesus e ao seu Reino, começado na ação da
Igreja, já neste mundo. Situar a catequese dentro do múnus de ensinar implica
dizer que na Igreja todos os seus agentes são catequistas, a começa pelos
ministros ordenados, que por sua vez, confiam esta tarefa também aos fiéis
leigos. Mas, poder-se-ia perguntar: qual é mesmo o conteúdo da ação catequética
da Igreja.
A catequese é fazer ecoar o anúncio alegre da
pessoa de Jesus Cristo, centro e conteúdo da catequese. A catequese não se
restringe a instrução para receber sacramentos, não é simplesmente um
itinerário pedagógico de educação da fé, mas, a ação catequética se insere
dentro da dinâmica do anúncio do evangelho cujo conteúdo é Cristo. Compreender
a catequese a partir da centralidade do anúncio do evangelho foi uma das
urgências da renovação da catequese depois do Concílio Vaticano II para superar
certas mentalidades reducionistas de catequese como doutrinação.
O anúncio alegre da pessoa de Jesus na catequese, a
partir da Palavra de Deus e de métodos novos, que levem em conta a vida
concreta da pessoa, leva a suscitar uma adesão ao seguimento de Jesus.
Compreender a catequese não como um período de formação religiosa, mas como uma
oportunidade de fazer uma experiência de um encontro pessoal com Cristo que
mude a vida e faça uma opção pelos valores e apelos do reino de Deus.
O mistério da vida de Jesus desde a encarnação,
infância, pregação, o ensinamento, sua paixão, morte e ressurreição é o
conteúdo da ação catequética da Igreja que sempre se atualiza graças à ação do
Espírito Santo. A catequese não anuncia uma ideia, mas uma pessoa viva, Jesus
Cristo. “Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber;
tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido
com nossa palavra e obras é nossa alegria” (Doc. Aparecida, 29)
O
grande apelo hoje para o trabalho catequético da Igreja é transformar uma
catequese de manutenção e instrução para os sacramentos para uma catequese que
seja integral, ou seja, que envolva a pessoa em todas as etapas de sua vida e a
conduza para realizar o encontro pessoal com Jesus. Essa exigência da catequese estar dentro das
exigências do documento de Aparecida quando afirma que a pastoral deve passar
de “uma pastoral meramente de manutenção para uma pastoral decididamente
missionária”. A tentativa de elaboração de um projeto de catequese integral
deve levar em consideração a grande quantidade de pessoas batizadas ou não que
não fizeram uma adesão à Igreja.
A
iniciação cristã se dá pelo processo da pessoa incorporada ao mistério de
Cristo morto e ressuscitado. Essa iniciação chama-se catecumenato ou liturgia
da vida. A inspiração catecumenal que agora a Igreja retoma é aquele modelo
utilizado nas primeiras comunidades cristãs, ou seja, apresentar a vida de
cristo aos catecúmenos pela liturgia e pelo testemunho para este possa fazer a
adesão ao modo de vida cristã.
Um
projeto de catequese integral deve fazer vistas para que o processo todo não se
transforme simplesmente em ritualismo. Visto que o Ritual de Iniciação à Vida
Cristã de Adultos é uma ótima ferramenta para o acompanhamento deve ser
aproveitado para a recepção dos ritos, mas não deve ser o centro do processo. A
ênfase maior deve ser dado a pedagogia aplicada, ou seja, o uso da bíblia, o
catecismo da Igreja Católica e outros subsídios que ajudem o catecúmeno a
aprofundar o ideal da vida cristã.
O
agente primeiro do processo da catequese integral é o catecúmeno, e não o
catequista. Não significa dizer que o catequista não seja parte importante
nesse processo, o seu papel é de mediador entre a mensagem do Evangelho e o
catecúmeno, o que lhe exige três características: conteúdo, método e
testemunho.
Padre Raimundo José
Pároco de São João XXIII
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