terça-feira, 9 de janeiro de 2018

A IMPORTÂNCIA DO ANÚNCIO DA PESSOA DE JESUS NA CATEQUESE

A Catequese está inserida na Igreja dentro da dimensão do múnus de ensinar. Assim a catequese é o ensino das verdades da fé de maneira processual e pedagógica para que aquele que recebe a instrução catequética faça uma adesão livre a Jesus e ao seu Reino, começado na ação da Igreja, já neste mundo. Situar a catequese dentro do múnus de ensinar implica dizer que na Igreja todos os seus agentes são catequistas, a começa pelos ministros ordenados, que por sua vez, confiam esta tarefa também aos fiéis leigos. Mas, poder-se-ia perguntar: qual é mesmo o conteúdo da ação catequética da Igreja.
A catequese é fazer ecoar o anúncio alegre da pessoa de Jesus Cristo, centro e conteúdo da catequese. A catequese não se restringe a instrução para receber sacramentos, não é simplesmente um itinerário pedagógico de educação da fé, mas, a ação catequética se insere dentro da dinâmica do anúncio do evangelho cujo conteúdo é Cristo. Compreender a catequese a partir da centralidade do anúncio do evangelho foi uma das urgências da renovação da catequese depois do Concílio Vaticano II para superar certas mentalidades reducionistas de catequese como doutrinação.
O anúncio alegre da pessoa de Jesus na catequese, a partir da Palavra de Deus e de métodos novos, que levem em conta a vida concreta da pessoa, leva a suscitar uma adesão ao seguimento de Jesus. Compreender a catequese não como um período de formação religiosa, mas como uma oportunidade de fazer uma experiência de um encontro pessoal com Cristo que mude a vida e faça uma opção pelos valores e apelos do reino de Deus.
O mistério da vida de Jesus desde a encarnação, infância, pregação, o ensinamento, sua paixão, morte e ressurreição é o conteúdo da ação catequética da Igreja que sempre se atualiza graças à ação do Espírito Santo. A catequese não anuncia uma ideia, mas uma pessoa viva, Jesus Cristo. “Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” (Doc. Aparecida, 29)
O grande apelo hoje para o trabalho catequético da Igreja é transformar uma catequese de manutenção e instrução para os sacramentos para uma catequese que seja integral, ou seja, que envolva a pessoa em todas as etapas de sua vida e a conduza para realizar o encontro pessoal com Jesus.  Essa exigência da catequese estar dentro das exigências do documento de Aparecida quando afirma que a pastoral deve passar de “uma pastoral meramente de manutenção para uma pastoral decididamente missionária”. A tentativa de elaboração de um projeto de catequese integral deve levar em consideração a grande quantidade de pessoas batizadas ou não que não fizeram uma adesão à Igreja.
A iniciação cristã se dá pelo processo da pessoa incorporada ao mistério de Cristo morto e ressuscitado. Essa iniciação chama-se catecumenato ou liturgia da vida. A inspiração catecumenal que agora a Igreja retoma é aquele modelo utilizado nas primeiras comunidades cristãs, ou seja, apresentar a vida de cristo aos catecúmenos pela liturgia e pelo testemunho para este possa fazer a adesão ao modo de vida cristã. 
Um projeto de catequese integral deve fazer vistas para que o processo todo não se transforme simplesmente em ritualismo. Visto que o Ritual de Iniciação à Vida Cristã de Adultos é uma ótima ferramenta para o acompanhamento deve ser aproveitado para a recepção dos ritos, mas não deve ser o centro do processo. A ênfase maior deve ser dado a pedagogia aplicada, ou seja, o uso da bíblia, o catecismo da Igreja Católica e outros subsídios que ajudem o catecúmeno a aprofundar o ideal da vida cristã.
O agente primeiro do processo da catequese integral é o catecúmeno, e não o catequista. Não significa dizer que o catequista não seja parte importante nesse processo, o seu papel é de mediador entre a mensagem do Evangelho e o catecúmeno, o que lhe exige três características: conteúdo, método e testemunho.

Padre Raimundo José
Pároco de São João XXIII

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