“SE QUISERES SENHOR, CURA-ME”.
Caríssimos irmãos e irmãs, a Palavra que hoje Deus
nos dirige nos enche de viva alegria, pois Deus, nosso Pai, nos enviou seu
Filho bendito para assumir nossas dores. Ele, o divino missionário do Pai, traz
ao mundo a plenitude dos bens eternos, assumindo e redimindo nossa vida. Nosso
primeiro sentimento é de gratidão por tanto amor que Ele demonstrou por nós, nos amando “quando ainda éramos
pecadores”.
Na proclamação da Palavra, ouvimos na primeira
leitura as regras do Levítico para alguém que estivesse doente de lepra. Esta
doença gerava uma tripla impureza: exclusão espiritual (lepra externa era sinal
da lepra interior, ou seja, o pecado), exclusão religiosa (o impuro não entra
no templo), exclusão social (devia ficar fora da cidade para não tornar os
outros impuros). O exterior deveria manifestar a miséria interior e todos que
vissem o leproso fugisse de sua presença (mal vestido, rasgado, sujo,
assanhado, e como um louco gritando “impuro, impuro”).
Existe uma ligação profunda entre a primeira
leitura e o Evangelho proclamado, que a ação missionária de Jesus se colocava
dentro do contexto religioso e social de sua época. Ouvimos os versículos
quarenta a quarenta e cinco do primeiro capítulo do evangelista Marcos, que a
vários domingos estamos acompanhando. O
episódio narrado é a cura de um leproso no contexto de exclusão que já situamos
acima. É necessário perceber, por dentro da cena, alguns detalhes, e daí chegar
a mensagem para nossa vida.
1º. O
leproso chega perto de Jesus. Para todos os que eles vissem deveriam gritar
“impuro” para as pessoas se afastarem, mas diante de Jesus ele não faz todo o
ritual prescrito na lei das impurezas. Ele, já adianta a fé e a confiança em
Jesus dizendo “se queres tu tens poder de
me curar”. Jesus Cristo estendeu a mão
e Nele tocou. Quem tocava em um leproso ficava também leproso. Aqui esta
regra não funcionou, pois o Cristo toca e transforma a miséria da vida daquele
homem. É o mistério de salvação do Cristo que toca a humanidade doente e a
sara.
2º. Para
três exclusões o Cristo cura o leproso três vezes.
Exclusão espiritual - cura do isolamento, do
desamor (tocou nele).
Exclusão religiosa – cura seu corpo, torna-o puro
para participar do culto.
Exclusão social – manda que se apresente ao
sacerdote, ofereça um sacrifício para receber a declaração de voltar ao
convívio social.
3º. O Cristo
tomou sobre si nossas dores. Jesus
tocando no leproso e curando-o é Ele que assume a lei da impureza e por isso
faz como o leproso fazia antes, vai para os lugares distantes e não pode entrar
nos povoados. O Cristo, divino leproso que carrega nossas misérias.
Irmãos e irmãs, nós também fomos tocados e curados
de nossas misérias, da lepra maior que é o pecado, porque aceitamos a vida de
Cristo em nós, e agora também somos convidados pela palavra do Apóstolo Paulo e
sermos imitadores do Cristo e carregar também as dores dos menos fortes. Demos
graças ao Eterno Pai que por meio de Jesus Cristo assumiu e redimiu nossa vida.
“O que
não foi assumido pelo verbo, não foi redimido” (São Gregório de Nissa)
Pe. Raimundo José
Pároco da Paróquia São João XXIII
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