Irmãos e irmãos, nos domingos do Tempo
Comum, estamos ouvindo o início do Evangelho escrito por São Marcos. A pergunta
fundamental do evangelho é sobre quem é Jesus, por isso que o evangelista
começa pela inauguração do Reino pela palavra e ação de Jesus, assim a cada
domingo vamos construindo um esquema da mensagem que a Palavra de Deus nos
revela. No terceiro domingo a mensagem era o chamado generoso ao Reino, no
domingo passado foram as apresentadas condições para ingressar nesse Reino:
converter-se ; acreditar no Evangelho; deixar tudo e seguir Jesus. Hoje, quarto
domingo do Tempo Comum, acompanhemos Jesus na Sinagoga de Cafarnaum, e atentos
ouçamos sua voz.
Na sua ida a Galileia com seus amigos,
os primeiros discípulos que o seguiram, Jesus vai à sinagoga em dia de Sábado
cumprindo sua obrigação religiosa, de seu povo judeu. Aqui é necessário
entender algumas coisas. A sinagoga era o lugar da Palavra. Assim em um
pavimento mais elevado ficava o lugar da proclamação da Palavra (Lei e os
profetas) e depois os rabinos explicavam e aplicavam para a vida dos ouvintes.
O recurso da hermenêutica rabínica era o uso de frases e ditos dos rabinos
importantes das escolas judaicas. Assim um rabino de sinagoga sempre repetia
frases de outros. Diante do ensinamento de Jesus os seus ouvintes estranham sua
atitude: “Ele ensina como quem tem autoridade e não como os mestres da lei”. O
Cristo não recorre a recursos para interpretar a lei e os profetas e seu
ensinamento encanta os presentes.
Cristo Mestre dá autenticidade a
Palavra de Deus escrita porque Ele mesmo é a Palavra definitiva de Deus e
critério de interpretação da Lei e dos profetas. Isto causa admiração nos seus
ouvintes. Moises deu a lei, mas a graça e a verdade vieram por meio de Jesus
Cristo. Ele é o novo profeta anunciado por Moises hoje na primeira leitura do
livro do deuteronômio.
Esta Palavra potente do Pai, Jesus
Cristo, é também Senhor da vida e não dialoga com o mal. Por isso que diante do
demônio não aceita suas bajulações e ordena claramente: Cata-te e saí dele. O
Cristo não precisa do testemunho do demônio sobre sua messianeidade. O demônio
sabe quem é Jesus, porém, não adere a Ele.
Como ouvintes do Cristo somos chamados
a admiração e adesão de sua pessoa, deixando que Ele vença em nós o que ainda
nos atrapalha se acolher sua Palavra, e deixando tudo, ou seja, nossas
preocupações, até mesmo as mais afetuosas, familiares, como disse Paulo na
segunda leitura.
Ouçamos a voz do salmista e guardemos
no coração: “Hoje não fecheis os corações, ouvi a voz do Senhor”.
Padre Raimundo José
Pároco de São João XXIII
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